A equação perfeita entre a rotina e o bem-estar
Ana Bravo
Nutricionista
A alimentação deve proporcionar sensações boas, tanto no corpo, nutrindo-o, como nas emoções, no que sentimos. Deve proporcionar prazer e bem-estar. Não deve existir uma lista de “alimentos proibidos” e os alimentos especiais são tanto os que nos fazem bem como os que nos agradam. É verdade, podemos ver os alimentos também conforme as emoções […]

A alimentação deve proporcionar sensações boas, tanto no corpo, nutrindo-o, como nas emoções, no que sentimos. Deve proporcionar prazer e bem-estar. Não deve existir uma lista de “alimentos proibidos” e os alimentos especiais são tanto os que nos fazem bem como os que nos agradam. É verdade, podemos ver os alimentos também conforme as emoções que nos proporcionam. A consciência alimentar e o equilíbrio são a chave.

De facto, não me faz sentido dar um plano alimentar que inclua a denominação detalhada de “alimentos proibidos”. Só o nome faria despertar a vontade de os comer mais vezes.

Sabemos que produtos alimentares com muita gordura (sobretudo saturada e trans), com excesso de açúcar e/ ou de sal devem ser evitados. Nesta lista de alimentos a evitar constariam vários, entre eles: massa folhada, salgadinhos, patês, fritos, fumados e enchidos, produtos de pastelaria e confeitaria…

Pois aquele ditado “nem sempre nem nunca” aplica-se aqui na perfeição.

Eu – sendo nutricionista há quase 20 anos, não sigo uma dieta escrupulosa – então como poderia “exigi-lo” a alguém? Tão importante como conhecer a fundo os alimentos e os nutrientes, é conhecer as pessoas: casa pessoa. Na comunicação generalizada devo passar bons exemplos e dar às pessoas as ferramentas que lhes possam facilitar a vida no sentido de terem uma alimentação saudável e equilibrada. Não fará sentido dar como exemplo uns quadrados de chocolate ou motivar alguém a optar por eles só porque eu tive vontade de comer alguns num dia de maior cansaço ou carência… ou só porque sim. Já pensei nisso, em partilhar as minhas excepções, mas raramente o fiz, por achar que em nada ajudaria as pessoas. Em todo o caso, não sou fundamentalista, de facto não há “alimentos proibidos” nos meus planos alimentares. Além do velho ditado que já usei – “nem sempre nem nunca” – há ainda outro que também encaixa neste contexto: devemos adaptar a alimentação à nossa vida e não a vida à nossa alimentação. Eu sigo esta filosofia. Não como tudo o que gosto, porque tenho consciência alimentar. Dentro dos meus guilty pleasures, a gestão é feita com facilidade: satisfaço a minha vontade entre o chocolate e o queijo nas suas versões mais light. Eu tenho a sorte de gostar da comida a saber ao que ela é: adoro um bom prato de feijão com couves e azeite, sobretudo com produtos da minha terra.

E este paladar educa-se, isso sim. Aprendamos a gostar cada vez mais de alimentos que se descascam, não dos que se desembrulham.

Voltando ao mote “devemos adaptar a alimentação à vida e não a vida à alimentação”, faz sentido aprofundar um pouco. Uso o seguinte exemplo: se costuma lanchar com um grupo de colegas no café perto do trabalho, como posso pedir-lhe para deixar de o fazer? Não faz sentido. O que faz sentido é encontrar uma alternativa saudável para esse momento. O meu objectivo é ajudar as pessoas a conseguirem resultados a longo prazo. É também este o motivo que me impede de elaborar uma lista de “alimentos proibidos”, é mais interessante explicar quais os alimentos a evitar. Assim, sabendo que há lugar para excepções, voltemos logo se seguida ao nosso plano alimentar ou à alimentação cuidada. É importante saber que todos temos e teremos “recaídas”; o que é fundamental é aprender a lidar com esses momentos e sobretudo, com o que vem a seguir, de forma a atingir o que eu chamo de “maturidade alimentar”. Todos conseguimos, acredite.


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