Comer como um ato de amor
Ana Bravo
Nutricionista
Comer é um ato complexo e não adianta propor um plano alimentar se cada um o vir apenas como mais uma tarefa; é fundamental que comer seja também um ato de amor; que mime e, nesse contexto, que os alimentos e a sua conjugação em receitas transmitam emoções boas; que as refeições, solitárias ou em […]

Comer é um ato complexo e não adianta propor um plano alimentar se cada um o vir apenas como mais uma tarefa; é fundamental que comer seja também um ato de amor; que mime e, nesse contexto, que os alimentos e a sua conjugação em receitas transmitam emoções boas; que as refeições, solitárias ou em convívio, com o objetivo de emagrecer ou sem tal preocupação, com muito tempo ou com os minutos contados, se traduzam em momentos agradáveis; que, por si, antes de todos os outros motivos possíveis, parta para um plano alimentar com o objetivo de ser mais saudável e de se sentir melhor com o seu corpo.

No que respeita à nutrição, atravessamos agora um ponto de viragem. A evidencia científica tem-se acumulado, a literacia em saúde tem feito o seu caminho de forma discreta, os meios de comunicação são ferramentas que se transformaram em aliados fundamentais — embora também disponibilizem informação pouco credível ou mesmo errada — e o consumidor começa a mudar as suas exigências, acrescentando-lhes um requisito: ser saudável.

Neste caminho, assistimos tantas vezes a casos do dito fundamentalismo, em que a alimentação passa a ser um exercício rigoroso de regras constantes, com contagem de calorias e leitura exaustiva de rótulos, sendo mais uma carga e preocupação numa vida já cheia de tarefas e pesos e não deixando espaço para o livre-arbítrio e, muito menos, para o prazer de comer. Neste caso, as pessoas tornam-se escravas, não encaram a alimentação com leveza e não aproveitam as sensações boas que ela deve proporcionar.

Em contraste com esta realidade estão os casos — ainda muito frequentes — em que reina a alimentação monótona de quem se rende essencialmente à comida pronta a comer, não se dedica a comer alimentos naturais e a procurar o equilíbrio alimentar, por falta de tempo ou por cedência às ofertas apelativas da indústria ou até por confiar nas mesmas, desconhecendo não fazer uma boa opção.

A referida monotonia afeta a qualidade alimentar, dando origem, muitas vezes, a carências nutricionais. Em qualquer dos casos, como disse antes, é urgente voltar a gostar de comida e de comer, fazendo-o de forma consciente e leve. Comer não deve ser mais uma preocupação excessiva e constante; deve, isso sim, fazer parte do nosso dia-a-dia da forma mais natural e agradável possível.

 

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