A gravidez é um período único na definição de muitas das características de saúde que se irão manifestar sobretudo na primeira década de vida da criança. Todo o ambiente em que o feto se desenvolve o afecta, desde a constituição dos seus tecidos corporais ao funcionamento do seu metabolismo.
Considero que se podem resumir os cuidados alimentares, nesta fase, em 3 pontos essenciais:
1. alimentação saudável e suplementação
2. higiene e segurança alimentar
3. aumento de peso
Sobre este último ponto, permanece sempre a dúvida sobre o peso – quanto se deve aumentar? A resposta dependerá do peso que a mulher tem antes de engravidar. Assim, não é aconselhável que uma mulher obesa aumente tanto de peso como uma mulher normoponderal ou com peso baixo. Já agora, não se espera que uma grávida aumente de peso no primeiro trimestre. As necessidades nutricionais praticamente não se alteraram em relação à mulher não-grávida, pelo que não há necessidade de se alimentar em maior quantidade. O aumento de peso faz-se no 2º e 3º trimestres (cerca de 0,4kg/semana), é neles que o feto necessita de maior sustento, o que virá de uma alimentação melhor e em maior quantidade por parte da mãe, naturalmente. Quanto ao acréscimo de necessidades calóricas, ronda as 350 e 450Kcal, nos 2º e 3º trimestre, respectivamente. Um aumento de peso entre os 10 e os 15kg é perfeitamente aceitável para a maioria das mulheres.
Em toda a gravidez a alimentação saudável deve imperar! Não há cuidados nutricionais mais específicos a não ser os de uma alimentação saudável: ingerir de todos os alimentos (não abusar nem descurar nenhum alimento), variar a alimentação, distribuir os alimentos por várias refeições ao longo do dia, comer de forma calma e a um ritmo agradável, ter atenção ao excesso de temperos, especialmente sal. Os alimentos mais açucarados e gordurosos farão com que o feto se desenvolva num ambiente mais propício ao aparecimento de diabetes e obesidade.
Lembre-se que a suplementação em ácido fólico e iodo deve iniciar ainda antes de engravidar, ou seja, na fase em que planeia a gravidez. O ferro apenas se inicia no 2º trimestre. Com esta suplementação, usualmente não é necessário nenhum reforço alimentar específico, a não ser o de se alimentar da forma mais nutritiva possível. Conheça os alimentos, preocupe-se na sua escolha, leia os rótulos, faça listas de compras para que tudo seja o mais cuidado e saudável possível, respeitando o seu orçamento familiar.
O 1º trimestre é marcado por grandes alterações hormonais e preparação do corpo para a implantação do óvulo e crescimento do feto. É por isso nesta altura que aparecem os principais sintomas desconfortáveis de uma gravidez: sono, cansaço, náuseas, vómitos e outras alterações gastrointestinais, como a obstipação. Ao evitar alimentos com cheiros e sabores fortes, de difícil ou lenta digestão, bem como refeições muito volumosas, estará a diminuir a probabilidade destes sintomas aparecerem, ou, pelo menos, a reduzir a sua intensidade. A ingestão de infusão de gengibre pode ser um boa solução para controlar enjoos e náuseas. Há, no entanto, gravidezes em que por muito bem que se faça tudo, as hormonas falam mais alto e os sintomas permanecem.
A hidratação é muito importante, sempre!
A higiene pessoal e com os alimentos também. A gravidez é um período delicado, de grandes transformações, em que uma intoxicação alimentar não vem mesmo nada a calhar! Por isso se recomenda que evite alimentos crus como saladas e frutas com casca, especialmente fora de casa. Em sua casa, se tiver os cuidados necessários na lavagem/limpeza, preparação e confeção dos ingredientes e das suas refeições não tem de se preocupar. Evite apenas os alimentos comprados embalados, cuja ingestão não exige nenhuma confeção, como os fiambres, queijos, patês, bem como produtos caseiros de fabrico artesanal (enchidos e fumados por exemplo) que possam “escapar” aos controlos de higiene e segurança da industria alimentar.
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