A Indústria Alimentar e o Bem-Estar do Século XXI
Ana Bravo
Nutricionista
A indústria alimentar tem trazido mais qualidade de vida em muitos aspetos, mas na mesma medida que a facilita, também a pode dificultar. Parece confuso, por isso passo a explicar. A indústria permite obter determinados produtos alimentares através de processos avançados e oferece formas de conservação e embalamento muito interessantes, que nos dão a possibilidade […]

A indústria alimentar tem trazido mais qualidade de vida em muitos aspetos, mas na mesma medida que a facilita, também a pode dificultar. Parece confuso, por isso passo a explicar.

A indústria permite obter determinados produtos alimentares através de processos avançados e oferece formas de conservação e embalamento muito interessantes, que nos dão a possibilidade de ter uma alimentação mais variada e uma vida mais tranquila e despreocupada. Podemos, por exemplo, ter acesso a alimentos saudáveis de forma prática e simples, tais como os iogurtes ou o queijo, assim como a produtos ultracongelados, como o peixe congelado em alto-mar ou legumes preparados de forma controlada, na fase certa de maturação.

Vamos à parte negativa, que no fundo depende apenas do nosso auto-controlo e escolhas alimentares. É cada vez maior a variedade de produtos alimentares que surgem com diversas formas, cores, sabores e texturas para agradar ao consumidor, que facilmente se “vicia”, e neste sentido a indústria responde, criando mais e mais produtos. Por exemplo, é do senso comum que devemos fazer merendas e evitar passar longas horas sem comer. Ora, para o fazer, sem perder muito tempo a preparar e evitar uma ida ao café, não será aparentemente um sonho o facilitismo com que se pega numa embalagem que contém doses individuais de um determinado produto alimentar que facilmente se transporta, conserva e ainda por cima sabe bem? É um sonho colorido… que facilmente ganha cores cinzentas, se tivermos em consideração a sua composição nutricional e, muitas vezes, também o seu valor calórico.

O mesmo acontece com muitas refeições pré-confeccionadas, – não estou a afirmar que não há opções saudáveis disponíveis no mercado – muitas delas com demasiada gordura, sal, até mesmo açúcar, aditivos… na verdade não ganhamos tempo – perdemos tempo de vida quando sucumbimos a comida que se desembrulha em substituição da que se descasa, com muita frequência.

Assim, reduzir da alimentação diária alguns produtos ultra-processados à base de açúcares e farinhas refinados, bem como gorduras de má qualidade e excesso de sal, será uma ajuda para o bem-estar.

Fazer boas escolhas é a chave, também é necessário enaltecer a parte da indústria alimentar que se tem dedicado a produzir produtos de melhor qualidade, tanto novos, como a melhorar produtos que já existiam, sob o ponto de vista nutricional.