O segredo para um sistema imunitário poderoso em tempo de pandemia
Inês Valente
Nutricionista
Foi precisa uma pandemia para o sistema imunitário começar a ser levado a sério e a merecer a atenção devida. Tal como aconteceu nos anos 80 do século XX com o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que pôs na ordem do dia a virologia, o SARS-Co V-2 obrigou a estudar a imunidade na procura de […]

Foi precisa uma pandemia para o sistema imunitário começar a ser levado a sério e a merecer a atenção devida.

Tal como aconteceu nos anos 80 do século XX com o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), que pôs na ordem do dia a virologia, o SARS-Co V-2 obrigou a estudar a imunidade na procura de respostas a infeções como esta.

O mundo corre atrás de uma vacina (imunidade específica), numa busca legítima, mas sem investir paralelamente numa mudança de estilo de vida, no sentido de garantir uma boa imunidade (inespecífica), capaz de resistir a infeções como do coronavirus, tal como desde sempre tem feito com outros milhões de micróbios.

Estamos na altura de evitar os alimentos que inflamem o intestino (não nos esqueçamos de que todas as doenças começam num intestino poroso, resultado do consumo de glúten, caseína (leite, queijo fresco) e açúcar, de praticar exercício físico moderado adaptado às características de cada indivíduo, de usufruir de um sono reparador e de uma vida, dentro do possível, sem stress.

No fundo, a receita não podia ser mais simples!

Estamos menos imunes e mais doentes

As principais doenças crónicas (hipertensão, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, fibrilação arterial, doença renal crónica, entre outras) são hoje responsáveis pela maioria de todas as mortes no mundo e uma em cada três pessoas sofre de alergias, segundo indicadores da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Assistimos igualmente ao aumento das mortes provocadas anualmente pela gripe sazonal, as alergias são cada vez mais frequentes, bem como as zoonoses (doenças transmitidas ao homem através dos animais), enquanto se vão multiplicando os casos de doença de Alzheimer e outras patologias neurodegenerativas.

Perante este cenário, podemos dizer que é urgente cuidar do sistema imunitário.

Os portadores das doenças da síndrome metabólica – diabetes, obesidade e hipertensão arterial – podem partilhar dois problemas: o intestino inflamado e poroso e a resistência à insulina. E o pior é que é no intestino que reside 80% do sistema imunitário.

Passos para alcançar a imunidade

– Usufruir da luz solar (vitamina D)

Em Portugal, país com uma forte luz solar, 66% dos adultos apresentam insuficiência ou deficiência em vitamina D.

A síntese de vitamina D advém principalmente da exposição da pele ao sol, que deve possuir níveis suficientes de colesterol para ser sintetizada pela incidência de raios UVB do sol sobre a pele. Ou seja, é a única que precisa de sofrer um processo de ativação pelo organismo.

A vitamina D desempenha um papel fundamental na saúde dos ossos, estando igualmente envolvida em outros processos vitais, como a reprodução celular, a secreção de hormonas e na atuação no sistema imunológico.

Com a pandemia de Covid-19 a vitamina D ganhou força no assunto do dia, muitos estudos já publicados revelam os seus benefícios para a prevenção e tratamento.

Um estudo publicado em agosto de 2020 na Jounal of Steroid Biochemistry and Molecular Biology demonstrou que a administração de uma dose elevada de Calciferol ou 25-hidroxi-vitaminas D, num metabolito principal do sistema endócrino da vitamina D, reduz significativamente a necessidade de tratamento de pacientes em unidades de cuidados intensivos (UCI) com o novo coronavírus.

Um outro estudo, publicado na revista de Endocrinologia Clinica e Metabolismo, concluiu que mais de 80% dos participantes hospitalizados com Covid-19 tinha deficiência de vitamina D.

– Valorizar a microbiota

O intestino é um dos elementos centrais da nossa saúde, representando cerca de dois terços do sistema imunitário, contém aproximadamente cem triliões de micróbios, a maioria dos quais bactérias.

A forma como os intestinos influenciam o nosso bem-estar é uma área de investigação recente, mas todos os estudos científicos apontam para o intestino como sendo um dos elementos centrais da nossa saúde, tendo inclusive uma ligação direta ao cérebro.

Tudo o que comemos tem um impacto enorme na microbiota do intestino.

– Excluir os alimentos inflamatórios e escolher alimentos anti-inflamatórios

Um estudo conduzido pela Direcção-Geral de Saúde (DGS) para conhecer os comportamentos alimentares e de atividade física em contexto de contenção social para combater a Covid-19, em Portugal, revelou que a pandemia parece ter contribuído para uma alteração nos hábitos alimentares de uma parte significativa da população inquirida.

Quase metade da população inquirida (45,1%) reportou ter mudado os seus hábitos alimentares durante este período e 41,8% tem a perceção de que mudou para pior.

Atualmente, o nosso regime alimentar é hipercalórico, devido ao aumento no consumo de gorduras de origem animal, da taxa de alimentos processados e açúcares que consumimos diariamente. A somar a isto, verifica-se uma redução muito acentuada da taxa de atividade física e consequentemente aumento do sedentarismo.

É importante perceber que o nosso organismo funciona como um todo, no qual os vários sistemas estão interligados.

Certas dinâmicas que muitas vezes não valorizamos são fundamentais para o organismo estar preparado para se proteger dos principais vírus que o querem atacar.

– Principais vitaminas e minerais para o reforço da imunidade

– Vitamina A, podemos encontrar nos seguintes alimentos: óleo de fígado de bacalhau, fígado de vaca, brócolos, cenouras, agrião, papaia, batata-doce, manga, abobora, melão, entre outros.

– Vitaminas do complexo B, podemos encontrar nos seguintes alimentos: espargos, ovos, fígado, cogumelos, abacate, amêndoas, ostras, ervilhas, alfafa, lentilhas, milho, espinafres, entre outros.

– Vitamina C, podemos encontrar nos seguintes alimentos: pimentos, papaia, agrião, couve, limão, tomate, kiwi, laranja, brócolos, acelgas, entre outros.

– Vitamina E, podemos encontrar nos seguintes alimentos: óleo de sementes, salmão, sementes de girassol, amêndoas, nozes, castanha do brasil, atum, lentilhas, sardinha, feijão, entre outros

A somar a estas vitaminas ter como prioridade alguns minerais é essencial para o reforço da imunidade, são eles: cálcio, selénio, zinco, magnésio, ferro.

A receita é simples e estamos focados em partilhar conhecimento e trabalhar na prevenção para manter a sua saúde, conheça a nossa oferta de seguros nesta área.


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